quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Atroz

Por D`Arcy às 09:30 in Tertulia benfiquista

Nem sei se vale a pena estar a escrever sobre o jogo em Israel. As opiniões já estarão há muito formadas: o Benfica perdeu vergonhosamente por três a zero contra uma equipa muito inferior, e daí pode-se desde logo inferir que jogámos muito mal, que os jogadores não prestam, ou que o treinador não percebe nada disto. Eu por acaso discordo de alguns destes 'factos' - apesar de concordar plenamente com o quão vergonhoso o resultado foi - e provavelmente serei acusado de estar a tentar branquear qualquer coisa por discordar. Mas paciência, escrevo sempre sobre aquilo que vi, e eu não nos vi jogar assim tão mal como o resultado pode fazer crer.

Só um resultado servia ao Benfica esta noite: a vitória. E o onze que entrou em campo estava orientado para a procura desse resultado, sendo bastante ofensivo, com Salvio, Aimar e Gaitán no meio campo, tal como acontecera frente à Naval. Apesar de recuperado da lesão, o Cardozo manteve-se no banco, mantendo o Kardec a titularidade. A atitude da equipa foi também consentânea com a imposição do resultado a conquistar: partimos à procura da vitória desde o primeiro minuto. Nem sempre fazendo as coisas da melhor maneira, é certo, mas julgo que para quem quer que estivesse a ver o jogo a superioridade do Benfica no mesmo era evidente. Evidente começou também logo a parecer a nossa falta de eficácia no ataque, pois cedo começou o desperdício. Nem vale a pena enumerar as oportunidades falhadas, tantas foram. Os israelitas ficavam-se no seu meio campo, jogando com bastantes cautelas, mas como tantas vezes acontece em jogos destes, da primeira vez que foram à nossa baliza, marcaram. Primeiro ameaçaram com um remate ao lado, e logo de seguida, no seguimento de um livre, uma bola cabeceada ressaltou no David Luiz e acabou no fundo da nossa baliza, isto com vinte e quatro minutos decorridos. E nada mais fizeram em termos ofensivos durante a primeira parte, que passou a ser simplesmente o cerco do Benfica à área adversária, e um desfilar de oportunidades desperdiçadas. A resposta imediata do Benfica ao golo foi, aliás, bastante positiva: logo a seguir ao golo Kardec, isolado pelo Gaitán, não conseguiu sequer acertar na baliza; e à meia hora de jogo o Benfica marcou mesmo, pelo Saviola, mas o golo foi mal invalidado por um fora-de-jogo inexistente assinalado ao Kardec.

Ao intervalo o Saviola ficou nos balneários para dar o seu lugar ao Cardozo - julgo que a intenção do nosso treinador seria a de dar mais algum poder aéreo ao nosso ataque, já que da quantidade absolutamente incrível de cantos (julgo que foram dezasseis) e livres laterais de que dispusemos na primeira parte não resultou praticamente uma ocasião de perigo. Mas a segunda parte foi mais do mesmo. Pressão constante do Benfica na procura do golo, e oportunidades falhadas umas a seguir às outras. Bolas cortadas em cima da linha, remates mal feitos pelos nossos jogadores, de tudo um pouco menos o mais importante, que era meter a bola na baliza. E quando na Champions se falha tanto no ataque, e a isso se junta desconcentração na defesa, estamos sujeitos a sofrer as consequências, mesmo quando o adversário se chama Hapoel. Para que tenhamos uma ideia do quão dominado estava a ser o Hapoel neste jogo, o primeiro remate que fizeram na segunda parte foi aos sessenta e nove minutos de jogo. Antes disso, tinham rematado quando marcaram o golo, o que significa que passaram quarenta e cinco minutos seguidos - metade de um jogo - sem conseguirem fazer sequer um remate.

Mas a estatística não conta para nada nestas coisas, o que contam são os golos, e no segundo remate feito na direcção da baliza, os israelitas marcaram outra vez. Foi um golo muito difícil de aceitar, pois na sequência de um canto (nós em vinte não criamos perigo, e eles no primeiro ou segundo que têm marcam logo) é o David Luiz quem corta na direcção da baliza, e depois a bola atinge o Javi García, que fica estranhamente apático enquanto um adversário aproveita para marcar. Este segundo golo, obtido a quinze minutos do final, marcou na prática o final do jogo para nós, pois a equipa acusou-o demasiado. Apesar de continuarem a tentar, as coisas passaram a ser feitas de forma ainda mais atabalhoada, com a agravante de termos a equipa praticamente partida em dois, pois após o golo deu-se a saída do Javi, e quem atacava já não defendia. O terceiro golo do Hapoel, portanto, não surpreendeu, já que nesta fase eram muitos os espaços dados na defesa para que eles pudessem explorar o contra-ataque.

Não consigo nem quero eleger melhores ou piores esta noite, porque poderia parecer que estava a arranjar bodes expiatórios para a derrota. Ganhamos todos e perdemos todos, e hoje esteve tão mal o ataque ao falhar aquelas oportunidades como esteve a defesa ao consentir os golos que consentiu.

O resultado é pesadíssimo e vergonhoso, porque se já seria sempre uma vergonha para o Benfica perder como o Hapoel, quanto mais será perder por estes números. Não consigo, honestamente, condenar a atitude da equipa, ou dizer que jogaram muito mal, porque não foi isso que eu vi. Não tivemos, claramente, a sorte do jogo, e por cima disso cometemos erros que não se podem cometer na Champions League, independentemente do nome do adversário - se eles lá estão é porque algum valor terão. Se calhar o que estes três jogos fora para a Champions nos permitem concluir é que a nossa equipa não tem ainda 'calo' para isto. Antes desta noite, já o jogo com o Schalke tinha sido muito mal perdido, e é pardoxal que chegue ao final de um jogo em que fomos derrotados por três golos sem resposta com uma sensação de injustiça atroz. Mas esta injustiça não acontece apenas por acaso; acontece também porque nós demos condições para que ela ocorresse. A continuidade na Champions está definitivamente posta de parte, e resta-nos agora a qualificação para a Liga Europa (que ainda não está garantida), onde teremos que tentar limpar um pouco a imagem.

Obs.
Gostei da apreciação do "D'Arcy" mas não concordo com ele na totalidade, porque temos que efectivamente eleger os piores. E nesse aspecto, não tenho qualquer dúvida em afirmar que o pior (fora das quatro linhas) foi o "Jorge de Jesus" quando deixou no banco o Carlos Martins e quando maiis tarde tira o Saviola. E dentro do campo onde todos estiveram mal, uns a atacar e outros a defender (como ele próprio diz) destaco serm dúvida nehuma o "David Luis" que além de estar nos três golos do Hapoel, tem estado em muitos outros (vá-se embora...).


Sem comentários:

Enviar um comentário